Navegando na Jornada Emocional da Venda de uma Empresa

Dilys Chan

Insights sobre os altos e baixos da execução de um processo de M&A (Fusões e Aquisições)

Se você está pensando em vender sua empresa, provavelmente está pensando sobre o que precisa fazer para se preparar. A sua ideia de se preparar pode envolver a análise de registros financeiros, levantar questões legais e fiscais, além de procurar um timing mais oportuno para a venda. Mas muitos donos de empresas subestimam a montanha-russa de emoções pela qual passam ao vender o seu negócio.

Vender a sua empresa pode naturalmente despertar sentimentos intensos, pois a vida de um empreendedor pode estar intimamente ligada a todos os aspectos de sua empresa, especialmente se ele tiver cuidado de todas as suas operações desde o início. Muitos proprietários de pequenas empresas também desenvolvem relacionamentos próximos com seus funcionários e clientes, enquanto nas empresas familiares, as linhas entre pessoal e profissional podem ser ainda mais tênues.

A venda de um negócio exige que o vendedor seja paciente e mantenha a cabeça fria. As vendas mais bem-sucedidas acontecem quando os donos de empresas compreendem as suas metas e seguem buscando alcançá-las, mesmo nas situações mais emocionalmente desafiadoras.

Gerenciar as emoções é fundamental durante um processo de M&A

Jim Baker está acostumado a aconselhar sobre como gerenciar emoções no processo de venda de uma empresa. Ele é um veterano neste processo, referência sobre o assunto com os colegas, de fusões e aquisições no Volaris Group, tendo liderado a Cultura Technologies desde 2010, uma divisão da Volaris focada em software agroalimentar.

De acordo com a sua experiência, é difícil transmitir seu ponto de vista a alguém do outro lado da mesa de negociações quando você está chateado ou com raiva.

“Os proprietários de empresas que estão na linha de frente das negociações precisam pensar racionalmente”, diz ele. “Ao negociar, é útil ter um pouco mais de compreensão e paciência durante as discussões, ao invés de potencializar emoções estressantes.”

Alguns eventos podem levar um empresário a vender seu negócio

Administrar uma empresa pode ser uma empreitada que consome muita energia e exige grande sacrifício pessoal por parte dos donos. Normalmente, a decisão de vender seus negócios se dá devido a eventos importantes da vida que impactam diretamente em suas circunstâncias profissionais.

Esses motivos podem incluir:

● Planejamento para a aposentadoria;
● Mudança para uma nova atividade empresarial;
● Dedicação de mais tempo a assuntos pessoais;
● Busca de apoio após a saída de um sócio;
● Diminuição do risco do ônus financeiro de possuir uma empresa;
● Necessidade de um plano de sucessão.

Os empresários que vendem seus negócios para a Volaris têm a opção de permanecer com suas empresas e, essa pode ser uma opção atraente para os que seguem com ambições, mas cujos negócios se tornaram grandes demais para serem administrados sozinhos.

“Os aspectos financeiros de ter uma empresa podem ser muito estressantes para as pessoas”, diz Ricky Sykes, CFO de portfólio e COO do Volaris Group. Os proprietários de empresas assumem um compromisso financeiro que pode ter um forte impacto em suas vidas pessoais. Por exemplo, a capacidade do proprietário de uma empresa de pagar o financiamento de sua casa pode depender da adimplência no pagamento de seus clientes da empresa.

“Ao vender sua empresa para a Volaris, podemos assumir parte dos compromissos financeiros, que são inclusive algumas das tarefas financeiras menos agradáveis”, acrescenta Sykes. “Podemos aliviar parte desse estresse e permitir que eles se concentrem mais nas tarefas que realmente gostam de fazer, o que pode incluir focar diretamente no crescimento do negócio.”

Conversas iniciais com possíveis compradores

Os estágios iniciais das negociações de fusões e aquisições costumam ser a parte mais empolgante para muitos donos de empresas. Nesse momento, você pode estar conversando com mais de um comprador interessado e eles estão aprendendo sobre você e vice-versa, confiante com as muitas possibilidades que começam a surgir para ele.

Nesse ponto, você pode começar a ter discussões estratégicas iniciais sobre como um possível comprador pode ajudar sua empresa a crescer, quais são os pontos fortes desse comprador e como ele pode ajudar seus funcionários e clientes.

Os donos de negócios que estão pensando em vender podem não ter pensado muito sobre essas capacidades de um possível comprador até que estejam envolvidos de forma mais próxima. Se ambas as partes estiverem interessadas em iniciar discussões mais profundas, esse pode ser o momento em que será assinado um acordo de não-divulgação (NDA).

Iniciando discussões sérias

Uma vez que você tenha assinado um NDA com um possível adquirente, as discussões podem levar a uma oferta não-vinculante. Se aceita, esclarecimentos adicionais e compartilhamento de dados podem levar a uma carta de intenção (LOI), uma oferta não-vinculante que estabelece a estrutura de negociação tanto para o comprador quanto para o vendedor, à medida que você avança para chegar a um contrato definitivo de compra e venda (SPA). As ofertas indicativas baseiam-se em dados coletados sobre a empresa e em projeções sobre como ela se sairá nesse mercado específico.

No entanto, muitos donos de empresas têm dificuldade ao ver o valuation de seus negócios transcrito em números. Isso pode ser especialmente difícil considerando os muitos anos de dedicação corpo e alma ao negócio.

Além da análise de valor (valuation), é importante analisar  todos os aspectos do que o comprador está oferecendo e se isso ajudará sua empresa, seus funcionários e seus clientes a seguirem tendo sucesso.

Muitas vezes, as prioridades do que os vendedores esperam de uma transação podem variar à medida que as conversas sobre fusões e aquisições avançam. Além da avaliação, a permanência, a autonomia e o conhecimento são três das áreas que podem ser importantes para os vendedores.

-Lawrence Rosedale, vice-presidente de fusões e aquisições do Volaris Group

Nesse momento, o dono da empresa que está interessado em vender está lidando cada vez mais com questões jurídicas e financeiras. Pode levar muito tempo e energia para construir novos relacionamentos com consultores de negócios e seus possíveis adquirentes, absorver as informações desses consultores e avaliar seus conselhos, além de aprender novas questões relacionadas a fusões e aquisições.

Tudo isso acontece tendo como pano de fundo a necessidade de manter a empresa funcionando sem problemas, sem poder compartilhar todos os detalhes do processo com todos os funcionários. No lado pessoal, os proprietários da empresa também podem ser questionados sobre a venda por cônjuges ou outros membros da família.

Administrar uma empresa afeta o emocional, é complexo e desafiador, e precisamos ser muito sensíveis a isso enquanto conduzirmos as conversas sobre fusões e aquisições.

-Lawrence Rosedale, vice-presidente, M&A, Volaris Group

É importante observar que nem todos os acordos dão certo de primeira, mas isso não significa que futuramente você não conseguirá vender sua empresa. Uma interação bem-sucedida com um comprador em potencial deixará a porta aberta para conversar novamente no futuro.

Mesmo que o negócio não dê certo inicialmente, acreditamos em deixar a porta aberta para podermos conversar novamente, seja daqui a seis meses ou seis anos.

-Jim Baker, presidente da Cultura Technologies

O desgaste nas negociações pode ser comum

A due diligence ou diligência prévia é normalmente o estágio mais completo do processo de M&A e, muitas vezes, é nessa etapa que os vendedores começam a sentir o desgaste da negociação, ou sentimentos de frustração ou exaustão.

Como adquirentes experientes, entendemos que é normal que os vendedores se sintam cansados. Reconhecemos que esse processo pode ser estressante, por isso priorizamos a manutenção de uma comunicação aberta.

-Ricky Sykes, CFO e COO do portfólio, Volaris Group

Embora o desgaste possa ocorrer em qualquer momento do processo de venda, é uma emoção especialmente comum durante essa fase devido à intensidade da análise de todos os aspectos do negócio, incluindo questões jurídicas, financeiras e de recursos humanos.

“Para um proprietário, passar pelo processo de due diligence é como se reencontrar com o seu orgulho e sua alegria”, diz Sykes. “Fazemos perguntas sobre a empresa com empatia, pois nosso objetivo é entendê-la melhor. Não estamos tentando apontar problemas na empresa, mas, as perguntas podem revelar detalhes e fazer com que os proprietários de empresas enxerguem o seu negócio sob outra perspectiva.”

Pode haver muitos altos e baixos no processo de due diligence. O comprador deve verificar novamente se tudo o que foi comunicado inicialmente sobre a empresa nos estágios anteriores da M&A está de acordo com seu entendimento, inclusive os  balanços da empresa.

“Às vezes, os mal-entendidos que ocorrem durante a due diligence se resumem a uma diferença na interpretação da terminologia”, diz Lawrence Rosedale, vice-presidente de M&A do Volaris Group.

Embora o proprietário da empresa talvez não possa compartilhar todos os detalhes de uma venda com seus funcionários, muitos veteranos em fusões e aquisições da Volaris dizem que compartilhar com alguns funcionários seniores importantes pode ser útil, especialmente porque eles podem ajudar nesta fase de diligência prévia.

“Pode ser melhor envolver os principais funcionários e trazê-los para o processo de venda da empresa, desde que a confidencialidade seja mantida dentro dessas tratativas. Caso contrário, é difícil obter todas as informações necessárias para a diligência sem que surjam perguntas difíceis”, compartilha Sykes.

A abertura e a honestidade são fundamentais na due diligence. Precisamos entender as minuciosidades do negócio para podermos ajudar a melhorá-lo e fazê-lo crescer.

-Lawrence Rosedale, vice-presidente de desenvolvimento de negócios do Volaris Group

A due diligence também é um bom momento para aprender mais sobre o adquirente, fazendo perguntas sobre o futuro da empresa após a aquisição.

Fechando um negócio: As etapas finais da transação de M&A

Após a conclusão da due diligence, o possível adquirente pode executar um contrato final, também conhecido como contrato de compra e venda (SPA). Esse contrato vinculante legal descreve os termos detalhados da transação e finaliza os termos e condições da venda que foram acordados nas negociações entre o comprador e o vendedor. O SPA contém informações sobre o ativo,  preço de compra, condições de pagamento da venda e confidencialidade.

Após a assinatura do SPA, a transação é concluída e o vendedor pode dar início à próxima etapa de crescimento de seus negócios.

Após o fechamento do negócio, o vendedor pode se sentir aliviado pelo fato de o processo de M&A finalmente ter terminado. Caso essa venda tenha sido realizada para a Volaris, a empresa felizmente nunca mais terá que passar por esse processo, pois a Volaris nunca vende as empresas que adquire.

Transicionando a empresa após a aquisição

O proprietário de uma empresa pode se sentir ansioso enquanto se prepara para contar as novidades à equipe. A Volaris designa gerentes de integração para ajudar empresas recém-adquiridas a fazer uma transição tranquila, esses profissionais podem aconselhar sobre a melhor forma de se comunicar após o fechamento do negócio, o que pode ajudar a manter a equipe engajada na empresa enquanto absorve a mudança de propriedade. Eles também podem responder a muitas perguntas comuns dos funcionários que costumam surgir após uma venda.

Enquanto isso, os donos de empresas precisam continuar a desenvolver a confiança dos clientes. Na maioria dos casos, a Volaris gosta de manter as empresas funcionando como antes.

Com a nossa experiência em fusões e aquisições, podemos aliviar muito o estresse da comunicação com os funcionários e clientes para o proprietário da empresa após a aquisição.

-Ricky Sykes, Portfolio CFO & COO, Volaris Group

Ao ingressar na Volaris, muitos funcionários ficam intrigados ao descobrir que têm acesso a eventos e programas de treinamento que não poderiam ter experimentado como uma pequena empresa, o que pode abrir novos caminhos para o crescimento da carreira. Fazer parte de uma empresa maior como a Volaris também pode ser uma experiência libertadora para os proprietários de empresas, que podem se concentrar mais naquilo em que gostam de dedicar seu tempo.

Embora o processo de M&A possa ter finalizado, os anos seguintes a uma aquisição são apenas o início de uma nova jornada de crescimento transformacional e novas oportunidades para a empresa.

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Sobre o Autor
Dilys Chan
Dilys é a Diretora Editorial do Volaris Group. Ela tem um histórico em jornalismo de negócios, com experiência anterior cobrindo empresas de capital aberto, fusões e aquisições, executivos de alto escalão e tendências de negócios como produtora de notícias de TV.
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